segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Alto do Morro Feliz


Desço escorregando em minhas lágrimas
tentando não olhar para trás
e ver a fachada bonita que pintamos no verão passado
já um pouco desbotada, mas ainda feliz
Vai ficando para trás não apenas uma casa bonita
sorrisos vão ficando, abraços, olhares e planos
pareço peça solta dum motor,
não serve pra mais nada
pouco a pouco ela vai ficando pequena
e quase não vejo mais quem a construiu comigo
numa noite de tempestade
o lar mais aconchegante do mundo
lar onde repousei meus sonhos
e cultivei numa horta ao fundo
pés de felicidade que floresciam todo o ano
agora ao longe, não tenho mais deste fruto para comer
alimento-me das lembranças boas
hidratando meu corpo com a rotatividade das lágrimas
... nem poderei fazer uma visita para tomar um café...
e aquele monte vai desmontando-me em montes de saudade
não sei... acho que fui falho,... talvez...
mas não serei feliz sem a vista que tinha
todas as tardes e manhãs lá do alto
ao teu lado.

Lucas Santana
18 de outubro de 2010

domingo, 17 de outubro de 2010

O nojo que chamam amor.

Corpos quentes, almas frias
rasgando aos dentes a utopia
que germinou do teu seio de mãe
convocas ao teu lar minha patente
torta, confusa e demente
por quão não sei cultivar
caimbras torturam dentes
cariados e dormentes
negros pelo sangue velho
que me deu
agora? agora, jamais nao há.
não ei de estar,tao pouco sentir
segue barco a dentro, por entre teu mar
contorna teu ponto, e atraca em tua ilha
onde só você sente amor
onde nao há ninguém além de ti
além do teu ódio e teu medo de ser feliz
frente ao desprezo que planta em mim
e que floresce cada vez que me chama
por meu nome.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Pelistópla

Por onde germina orvalho
do teu sabor de mulher
quem te fez assim?
para olhar-me desconcertante
para olhos tão distantes
como os meus
Tortura!
Injusta são as curvas
que me separam das tuas
perante meu desejo
padecem minhas lembranças
dos lábios teus
Não ei de topar-te em destinos
em fervura se sangue corrente
brandura de pele suave
nem almas latentes
pelo prazer da carne
pecado.

Lucas Santana
21 de agosto de 2010
21:25

Dominadora

Dona Solidão, sedutora como o mar
que nos rouba o tempo a fita-lo
Perco horas com ela
ficamos sós quase sempre
eu calado e ela a olhar-me
Ela se veste, as vezes
espalha roupas pela casa
deixa os pratos sujos
e segura-me na cama até as dez
não apronta o almoço e leva-me
para almoçar no balcão da padaria
Não larga-me por nada.
Segura em minha mão e
joga-me na cama novamente
faz tanto que chego a dormir
estou amarrado a ela
ou ela amarrou-se em mim?
sei lá...
só sei que ela não quer o divórcio
e sempre joga um charme
veste uma renda bordada de silêncio
conquista-me novamente,
tranca a porta
e não me deixa conhecer
o mundo que existe
longe do teu prazer.

Lucas Santana
28 de Agosto de 2010
00:59

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Calvide-me

Tão solene se faz teu canto
ecoando pelas vielas escuras do meu ser
colorindo de paz o sorriso amarelo e sem graça
assim fico vivo.
pouco a pouco...
sem pressa... calma... não vá ainda
ou se vá andando... demora...
então volta...
economiza tua força para resistir a mim
tenta ser mais menos eu
não me veja... ei... ouve?
pena... caiu com o alçar do pássaro
serve para espantar agonias
lá vou... lá vou...
balançando meu corpo como o mar
neste momento em que tento escrever algo que faça algum sentido
mas o que é o sentido? se faço, sinto. É consequência...
palavra que me causa medo... c-o-n-s-e-q-u-e-n-c-i-a

Lucas Santana
18 de outubro de 2010 - 00:22

sábado, 17 de abril de 2010

?


Hoje resolvi renascer
resolvi trocar a blusa velha
cortar os cabelos
tirar algumas máscaras do rosto
pintar-me de lágrimas
ser eu.
Resolvi esquecer eu em algumas pessoas
reviver pessoas em mim
assassinar atitudes
e libertar alegrias
que eram reféns dos meus monstros.
O tempo não esquece, apenas torna as coisas mais distantes
não fujo de mim, mas escondo dos meus olhos meus atos
TOLAMENTE.
sou o que sou? mas quem sou?
mas quem era? mas quem irá ser eu há alguns segundos após?
Não sei. Não sabem.
Silencio para não calar-me.
Falo para não aguardarem respostas
olho para saber onde estou
mas continuo sem saber quem irá ser eu
sou apenas o agora e já não concordo
com o que disse na linha anterior.


Lucas Santana
18 de abril de 2010
00:09

sábado, 13 de março de 2010

Alarguidez da alma.

Não há mais vento
nem sabor de tempo
o que era já não sou mais
por um vago, um espaço
medalhas que levam minhas honras
merecem elogios
a mim me resta eu
me restou de ser
meu porco sabor de amanhã
frio, torpe, sórdido, só
ali foi sem avisar
passou lentamente olhando-me
fitando minha face nua
impuramente vazia de silêncio
entupidamente cheia de vazio
loucamente modelada sem molde feliz
espaçadamente com espaços infelizes de felicidade.


Lucas Santana.
13 de março de 2010
23:55